Vou tentar contar uma historinha aqui. Lá em 2013 houveram alguns protestos nas ruas. Eu estive lá, você também esteve ou pelo menos conhece alguém que estava lá. Claro que depois de algum tempo teve muita gente quem nem sabia mais porque estava lá, tinha muita gente por motivos bastante diferentes. Mas se fosse para resumir em um único motivo eu diria que quem estava lá estava cansado dos políticos não estarem governando para o povo, não estarem representando o povo. Pessoas que estavam cansadas dos vintes centavos aqui e acolá, cansadas de serem tratadas como palhaças. Lembram de 2013 mesmo, e em 2014 quando nos jogos de Copa das Confederações e Copa do Mundo a presidente foi vaiada por vários minutos em estádios lotados?
Depois da reeleição de Dilma em 2014, seu segundo mandato começou de uma forma bastante conturbada. A indignação da parte derrotada acabou, ao longo do tempo, colaborando para a falta de governabilidade, e assim para o impeachment.
Ó céus! O que é essa tal de falta de governabilidade?
Para explicar de uma forma rápida: a equipe presidencial não consegue governar, tomar decisões sozinha, ela precisa ter o apoio do congresso em suas instancias (senado e câmara). E por algum motivo ela, que tinha a maior base durante a eleição, acabou perdendo este apoio aos poucos durante o governo. Até tentar trazer o Lula para o governo ela tentou, mas a decisão acabou sendo barrada pelo STF. Lula poderia ser uma solução naquele momento pois sempre conseguiu articular muito bem os projetos do seu governo com o congresso, algo totalmente diferente do que acontecia naquele segundo mandato da presidente Dilma.
O país viveu o final de suas políticas de incentivo ao consumo (um dos principais motivos do grande crescimento nos anos anteriores), e a falta de governabilidade da presidente acabou resultando em inúmeras tentativas falhas de tentar diminuir a brusca desaceleração econômica. As investigações sobre corrupção continuaram, e como um presidente deve fazer, Dilma não se intrometeu nelas e viu até seus aliados serem investigados, e condenados. E adivinha? Isso também ajudou ela a perder apoio político para seus projetos.
Sem o apoio, sem governabilidade, cada tentativa de fazer algo pela nossa economia acabava parecendo uma tentativa de apagar o fogo com querosene. E depois disso nós acabamos chegando ao momento do pedido de impeachment.
Lembram daquelas cenas de um filme de terror, daquela aberração que chamaram de votação para o impeachment? Acho que no final das contas todo mundo que assistiu aquilo ficou com vergonha daqueles caras serem os que criam e votam nossas leis. Mas dois anos depois muita gente se esqueceu daquela aberração e ajudou na reeleição de muitos daqueles deputados e senadores.
Mas a verdade é que o impeachment não ocorreu para salvar a família, não foi por Deus, não foi pela nação brasileira. A verdade é que hoje vemos que o impedimento definitivamente não foi por causa das pedaladas (pois depois da saída de Dilma o presidente Temer acabou conseguindo deixar as pedaladas “dentro da lei."). Talvez tenha sido mesmo a indignação da parte derrotada num cenário de grandes investigações sobre corrupção (será que alguns estavam com medo?).
Enfim, tudo isso ajudou a criar uma imagem de ódio a Dilma. O simples fato dela ser uma mulher numa sociedade extremamente machista criou uma imagem onde vimos até outras mulheres “torcendo contra”, desejando doenças, desejando que ela se f... e até desejando sua morte.
Ao final de todo este episódio nós não podemos dizer que Dilma desrespeitou a democracia.
Depois da saída da presidente, de forma estranha passei a ver menos investigações sobre corrupção, ou pelo menos passei a ver as investigações perderem o poder de divulgação que tinham antes...
E hoje temos até um Presidente que quer saber, ter o controle sobre investigações que incluem o nome de alguns aliados e familiares. Presidente este aliás, eleito com grande apoio da bancada BBB (boi, bala e bíblia), vem conseguindo revoltar grande parte da sua base aliada. E vem tentando, num ato covarde, impulsionar aqueles poucos que ainda o apoiam a se revoltar contra aquilo que mostra explicitamente sua incapacidade em governar, e se revoltar também contra algumas investigações que parecem lhe prejudicar.
Constituição? Ele nunca deve ter lido pois sempre demonstrou um grande preconceito, desejando até mortes, afinal de contas, para ele o "pobre devia morrer", o negro ser escravo e o gay deveria apanhar. Algo bastante diferente da nossa constituição que defende do direito à vida, à liberdade, à igualdade e à segurança (está lá no artigo 5º da Constituição Federal, já leu?).
Este presidente não tem um cérebro, não tem governabilidade e às vezes nem parece que queria ter se candidatado ao cargo, pois não quer assumir as responsabilidades necessárias. E é bizarro a forma que ele se recusa a aceitar que é o presidente e que seus atos irão sim virar notícia.
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